No
palco da vida – “Grupo
de Teatro Amador Vanguarda” "Velha Guarda".
Narciso Maccari e Amadio Vettoretti - DRAMA - VELHA GUARDA |
Relembrar uma antiga
paixão em comum é a razão pela qual amigos de longa data estarão realizando um
encontro no próximo dia 23, último dia da Maggiofest, em Morro da Fumaça. A
festa resgata histórias e memória do povo fumacense.
A paixão pelo teatro
uniu as vidas de Alirio Maccari, Amadio Vitoreti, Antonio Luiz Cechinel, Jakson
Roque Frasson, João Luiz Salviato (in memorian), José Luiz Maccari, José Manoel
Medeiros, Lindomar José Savaris, Lourival Rosalino Laureano, Martinho Rosa (in
memorian), Mario Dalpiaz, Moacir José Fernandes, Moacyr Toretti, Narcísio
Maccari, Nilton Bitencourt, Pedro Antonio Maccari, Tadeu Sigieski, Valdemar
Saccon e Valdemar de Souza. No início da década de 60, estes amigos formaram o
grupo de Teatro Amador Vanguarda. As apresentações divertiam, emocionavam e
faziam com que a pequena e pacata cidade de Morro da Fumaça pudesse apreciar a
bela arte de interpretar.
Como naquele tempo
não tinham carro e nem televisão para se distrair, os amigos José Luiz Maccari,
o Zezo, e Antonio Luiz Cechinel, o Toni, trouxeram do seminário a ideia do
teatro. Os ensaios aconteciam à noite e a primeira apresentação foi no paiol da
casa do pai do Zezo, Teodoro Maccari. Sem saber se teria público, os artistas
preparavam tudo certinho. "Meu pai armazenava sacos de farinha no paiol, e
tivemos que retirar daquele espaço para acomodar a plateia", relembra
Zezo. Com a divulgação feita através de panfletos e pelo alto-falante da igreja
matriz São Roque, a primeira apresentação lotou. "Acredito que em torno de
200 pessoas foram nos prestigiar", conta Zezo.
O cenário era feito
com pano, madeira e tinta. A madeira era fornecida por um dos artistas, o
Tadeu, que era marceneiro. Já a criação dos cenários ficava com os dons
artísticos de Toni.
A alegria do Teatro
Amador Vanguarda também foi visto nos municípios vizinhos, como: Sangão,
Jaguaruna, Mineração de Içara, Içara e no distrito de Estação Cocal. Zezo
também conta que em Jaguaruna as pessoas comentavam que gostaram da apresentação
e que até o padre, da época, Ludgero Locks, um senhor carrancudo, sorria nas
apresentações.
As peças eram de
comédia e drama. O carro-chefe do teatro era a peça "Alma Sertaneja",
que contava o drama da seca no nordeste. Essa peça tinha três atos e três
cenários. "Henrique 8º, o Nero da Norte" também era outra peça de
drama. Já as comédias contagiavam o público com muita risada. Para manter as
apresentações, o grupo cobrava entrada e o lucro era para pagar as despesas com
o cenário.
O grupo era famoso e acabava despertando a admiração das
moças. Lindomar Savaris engatou um namoro com Selene Frasson, com quem é casado
até hoje, porque lhe deu um ingresso para assistir a um espetáculo. "Ela
ficou toda contente e se apaixonou por mim", conta Savaris. Entre tantas
outras histórias contadas pelos amigos, hoje apenas resta a lembrança e boas
risadas. Mas todos são unânimes em dizer que o teatro foi a única coisa boa que
fizeram na juventude. "O teatro foi nosso maior passatempo e tínhamos uma
forte amizade", relembra, saudoso, Zezo.
Com o passar do
tempo, alguns artistas foram casando, mudando de cidade e então o grupo
começava a se dispersar. No ano de 1965, nenhuma apresentação aconteceu. Apenas
no ano seguinte o grupo ressurge com novos integrantes e novo nome, "Velha
Guarda". Mais algumas apresentações e depois acabou a diversão do teatro.
A turma de amigos nunca mais se reuniu para apresentação no palco.
Em 2005, os amigos se
reuniram para um almoço de reencontro que contou com a presença de todos, menos
de dois artistas já falecidos. Agora, nas comemorações do centenário de Morro
da Fumaça, o grupo vai se reunir para mais um momento de recordação.
Texto e entrevistas: Gabriela Recco