quinta-feira, 18 de junho de 1970

Peça Teatro em Morro da Fumaça - ALMA SERTANEJA - A VELHA GUARDA



No palco da vida – “Grupo de Teatro Amador Vanguarda” "Velha Guarda".

Narciso Maccari e Amadio Vettoretti - DRAMA - VELHA GUARDA
Relembrar uma antiga paixão em comum é a razão pela qual amigos de longa data estarão realizando um encontro no próximo dia 23, último dia da Maggiofest, em Morro da Fumaça. A festa resgata histórias e memória do povo fumacense.

A paixão pelo teatro uniu as vidas de Alirio Maccari, Amadio Vitoreti, Antonio Luiz Cechinel, Jakson Roque Frasson, João Luiz Salviato (in memorian), José Luiz Maccari, José Manoel Medeiros, Lindomar José Savaris, Lourival Rosalino Laureano, Martinho Rosa (in memorian), Mario Dalpiaz, Moacir José Fernandes, Moacyr Toretti, Narcísio Maccari, Nilton Bitencourt, Pedro Antonio Maccari, Tadeu Sigieski, Valdemar Saccon e Valdemar de Souza. No início da década de 60, estes amigos formaram o grupo de Teatro Amador Vanguarda. As apresentações divertiam, emocionavam e faziam com que a pequena e pacata cidade de Morro da Fumaça pudesse apreciar a bela arte de interpretar.

Como naquele tempo não tinham carro e nem televisão para se distrair, os amigos José Luiz Maccari, o Zezo, e Antonio Luiz Cechinel, o Toni, trouxeram do seminário a ideia do teatro. Os ensaios aconteciam à noite e a primeira apresentação foi no paiol da casa do pai do Zezo, Teodoro Maccari. Sem saber se teria público, os artistas preparavam tudo certinho. "Meu pai armazenava sacos de farinha no paiol, e tivemos que retirar daquele espaço para acomodar a plateia", relembra Zezo. Com a divulgação feita através de panfletos e pelo alto-falante da igreja matriz São Roque, a primeira apresentação lotou. "Acredito que em torno de 200 pessoas foram nos prestigiar", conta Zezo.

O cenário era feito com pano, madeira e tinta. A madeira era fornecida por um dos artistas, o Tadeu, que era marceneiro. Já a criação dos cenários ficava com os dons artísticos de Toni.

A alegria do Teatro Amador Vanguarda também foi visto nos municípios vizinhos, como: Sangão, Jaguaruna, Mineração de Içara, Içara e no distrito de Estação Cocal. Zezo também conta que em Jaguaruna as pessoas comentavam que gostaram da apresentação e que até o padre, da época, Ludgero Locks, um senhor carrancudo, sorria nas apresentações.

As peças eram de comédia e drama. O carro-chefe do teatro era a peça "Alma Sertaneja", que contava o drama da seca no nordeste. Essa peça tinha três atos e três cenários. "Henrique 8º, o Nero da Norte" também era outra peça de drama. Já as comédias contagiavam o público com muita risada. Para manter as apresentações, o grupo cobrava entrada e o lucro era para pagar as despesas com o cenário.

O grupo era famoso e acabava despertando a admiração das moças. Lindomar Savaris engatou um namoro com Selene Frasson, com quem é casado até hoje, porque lhe deu um ingresso para assistir a um espetáculo. "Ela ficou toda contente e se apaixonou por mim", conta Savaris. Entre tantas outras histórias contadas pelos amigos, hoje apenas resta a lembrança e boas risadas. Mas todos são unânimes em dizer que o teatro foi a única coisa boa que fizeram na juventude. "O teatro foi nosso maior passatempo e tínhamos uma forte amizade", relembra, saudoso, Zezo.

Com o passar do tempo, alguns artistas foram casando, mudando de cidade e então o grupo começava a se dispersar. No ano de 1965, nenhuma apresentação aconteceu. Apenas no ano seguinte o grupo ressurge com novos integrantes e novo nome, "Velha Guarda". Mais algumas apresentações e depois acabou a diversão do teatro. A turma de amigos nunca mais se reuniu para apresentação no palco.

Em 2005, os amigos se reuniram para um almoço de reencontro que contou com a presença de todos, menos de dois artistas já falecidos. Agora, nas comemorações do centenário de Morro da Fumaça, o grupo vai se reunir para mais um momento de recordação.
 Texto e entrevistas: Gabriela Recco